Se a expectativa de regressar à barragem de Vilarinho das Furnas era muita, o desejo de ir ao local da antiga aldeia era ainda maior, aliado à curiosidade de saber em que cota estaria a albufeira neste ano de seca intensa. A 19 de novembro de 2017, o panorama era este que as imagens documentam. Confesso que foi um pouco de desilusão pois contava com um nível das águas bastante mais baixo de modo a poder ver a antiga aldeia na sua plenitude.
Ainda assim, após cerca de 2 kms de caminhada desde o paredão, deu para observar a parte mais cimeira de Vilarinho das Furnas, estando a restante submersa, local que como já referi parou no tempo e só não pára o tempo para quem por lá passa.
Hoje, um recanto em forma de baía praticamente isolado e perdido entre a Serra Amarela, a norte e poente, e a Serra do Gerês, a sul e nascente. Esta era uma aldeia conhecida pelo regime comunitário que funcionava autonomamente das leis gerais e nacionais. Quem as elaborava e as fazia respeitar era uma junta de seis elementos dirigida por um zelador. Essa junta era constituída pelos chefes de família eleitos onde o homem era preponderante. As mulheres poderiam ter assento na junta se fossem viúvas ou se o marido tivesse imigrado.
Vilarinho das Furnas, era habitada em 1970 por cerca de 250 pessoas, que tiveram de abandonar a povoação devido à construção de uma barragem em pleno rio Homem. Esta mesma foi inaugurada a 21 de maio de 1972.
Nas imediações bem próximas, no limite da cota de água máxima, o verde musgoso sobressai por entre pedras que constituem muros de caminhos e delimitações térreas. Bancos e mesas persistem ao passar do tempo e certamente guardam histórias e que só o silêncio agora os acompanha.
Antigos moinhos que digo eu, poderiam ser recuperados tendo em conta o potencial turístico que no local pode ser explorado, isto pela imensa procura em busca de conhecer o local.
Fica a promessa de voltar ao local, só não sabendo quando, tal como quando não se sabe em que altura poderão as águas baixar significativamente, talvez só numa futura ação de limpeza da barragem ou se a seca se prolongar, quem sabe...
O que resta de Vilarinho das Furnas em pleno coração do Gerês 45 anos depois de os seus habitantes terem sido obrigados a deixar tudo que era seu para trás. Alguns ainda são vivos!